A liberdade na internet e o AI-5 Digital
Em 2008 foi aprovado no Senado o Projeto de Lei 84/99, que trata de crimes cometidos na internet e outros meios eletrônicos, e em outubro deste ano a Câmara dos Deputados apresentou um substitutivo ao projeto. Também conhecido como “Projeto Azeredo”, e renomeado pelos ciberativistas de “AI-5 Digital”, este projeto de Lei implementa a falta de liberdade na rede e o rastreamento de usuarios, sob o pretexto de combater crimes na web, como a pedofilia. Entretanto, mais do que atingir estes objetivos, este projeto de lei – e seu substitutivo – violam direitos essenciais de liberdade e privacidade, e sua redaçao deixa abertura para uma interpretaçao ampla que criminaliza o usuario, responsabiliza o provedor de acesso pelo conteudo trafegado e ameaça a livre circulaçao de informaçoes na internet. Estas medidas, afetam o usuario e nao os crackers e estao claramente ligados a interesses politicos e comerciais que nao sao debatidos aberta e democraticamente com a sociedade. Contra isto, ciberativistas, artistas, pesquisadores, trabalhadores, estudantes e militantes da area vêm se manifestando contra este projeto de Lei que, graças a estas movimentaçoes (ainda) nao foi implementado. E o debate continua.
CARTA DO FÓRUM DA CULTURA DIGITAL EM DEFESA DA LIBERDADE NA INTERNET
A Internet deve continuar livre. A liberdade é que permitiu criar um dos mais ricos repositórios de informações, cultura e entretenimento de toda história. Nós, defendemos que a rede continue aberta. Defendemos que possamos continuar criando conteúdos e tecnologias sem necessidade de autorização de governos e de corporações.
Não admitimos que a Internet seja considerada a causa da pedofilia. Denunciamos as tentativas de grupos conservadores em superdimensionar o potencial criminoso da Internet para criar um estado de temor que justifique a supressão de direitos e garantias individuais. Alertamos a todos que estas forças obscuras querem aprovar no final desta legislatura o AI-5 Digital, substitutivo PL84/89 antigo PLS 89/03+ redigido pelo Senador Azeredo.
Não admitimos que as pessoas sejam obrigadas a se cadastrar para navegar na rede. Consideramos que a vinculação de um número IP a identidades civis é inaceitável. Não queremos ser uma China. Controles exagerados na rede poderão sufocar a sua criatividade e implementar o vigilantismo que é democraticamente insustentável.
Os internautas brasileiros construiram colaborativamente um marco civil que define direitos e deveres dos cidadãos nas redes digitais e rejeitam uma lei que sirva aos interesses apenas dos banqueiros e da indústria de copyright. A diversidade e liberdade são a base de uma comunicação democrática. O acesso à Internet é um direito fundamental.
Abaixo o AI-5 Digital. São Paulo, 15/16 de novembro de 2010.
Saiba mais sobre o assunto:
Movimento ciberativista Mega Nao!
Sergio Amadeu explica porque o Projeto Azeredo não tem salvação
Estudos sobre o PL 84/99 do Centro de Tecnologia e Sociedade da FGV
Publicado em 21/11/2010, em Uncategorized. Adicione o link aos favoritos. 1 comentário.
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